Teoria de botequim (1) - criando polêmicas

Por que Super-Herói Brasileiro não consegue ser convincente?


Nós temos entranhado, em nossa cultura, que este aqui é o país do jeitinho, o país dos espertos: quem não for esperto é feito de otário, só pode ir mesmo para a religião que promete a salvação para os martirizados que se conformem com seu papel social e esperem a salvação vinda de um ser superior que vai distribuir justiça ao homens e a você, “não-esperto”, desde que você siga o caminho do bem e da retitude, e acate os preceitos das instituições... ou vira um punk revoltado e alienado. As instituições são falhas em preservar a vida, os direitos e os pertences das pessoas de bem. As pessoas espertas aproveitam as brechas dos sistemas para não ficarem no papel de vítima, só que normalmente não ficam apenas no posto de sobrevivente com regalias, quer mais: acabam ascendendo ao poder, à autoridade, à formas de domínio sobre os demais comuns e humildes. Os humildes são reduzidos à condição humilhante de crentes ou de massa de manobra, simplesmente OTÁRIOS, e isso se reflete em TODAS as formas de entretenimento presentes, desde as piadas nos jornais e nos e-mails, nas tirinhas do Angeli, do Laerte, e nas charges políticas, nas telenovelas, no gibi da turma da Mônica...

No meu entender, é gerada uma frustração enorme na forma em que as pessoas são submetidas a essa mensagem subliminar massacrante, e existem formas de lazer escapista em que o humilde e o fraco até continuam como vítimas, mas não mais tratados como otários e os errados que nunca jamais terão oportunidade de sair da merda a não ser que entrem para a turma dos espertos... são as pessoas comuns dos gibis de super-heróis, descritos normalmente como coadjuvantes a serem salvos e a serem redimidos por entidades com habilidades sobre-humanas, quando não acabam sendo amigos destes seres superiores.



A versão brasileira não convence!


Os super-heróis e os heróis dos mangás de ação e aventura falam basicamente para as culturas locais de seus países de origem, mas têm um eco muito grande no interior dos leitores brasileiros, por oferecerem esta fantasia de compensação, sublimação! E tem a vantagem tremenda de contextualização fora do mundo brasileiro, ou seja, é escapismo também nesse sentido... isso explica porque a maioria das pessoas que gosta de histórias em quadrinhos de super-heróis torce o nariz para quando o autor nacional tenta emular esses símbolos, códigos e ambientações dessas aventuras para um brasil fictício... acabam ficando nada convincentes, a caracterização fica parecendo apelativa, discurso de petista ou de comunista em prol da nação... que não convence a ninguém!

O culto às antigas tramas simplistas, a um mundo mais simples, onde os bons são bons e os maus são maus, e o super-herói, acima da qualidade moral superior, triunfa sobre seus oponentes do jeito que todo mundo entende: SENTANDO BOLACHA NO VAGABUNDO DO VILÃO. Essas características acabam aparecendo direto nas histórias dos iniciantes e mesmo de autores com tempo de estrada nas costas... é EPIDÊMICO, é PRAGA, é que nem epidemia de DENGUE. Não se trata de falta de leitura, treino, discernimento.... TRATA-SE DA BENDITA DA CATARSE, da sublimação, da NEGAÇÃO DESTE MUNDO REAL ONDE SÓ A ESPERTEZA PROSPERA E O HOMEM CORRETO E JUSTO É CONSIDERADO UM GRANDESSÍSSIMO OTÁRIO QUE VAI SE F*&¨%$R NO FINAL POR QUE O MUNDO É MALIGNO ASSIM MESMO...



Querendo ver o herói triunfar sobre a esperteza...


E como disse no começo, MUITA GENTE QUE NÃO É ESPERTA ODEIA GENTE ESPERTA, E ODEIA MAIS AINDA VIVER NUM MUNDO ONDE A ESPERTEZA É A QUALIDADE NACIONAL MAIS ELOGIADA E APRECIADA PELA NOSSA CULTURA... e o produtor de histórias em quadrinhos ODEIA SER PASSADO PRA TRÁS NUM NEGÓCIO QUE FECHOU AS PORTAS PRA ELE... ser teimoso e retrógrado é mais do que simplesmente incapacidade... é ponto de honra e de protesto contra a esperteza das editoras que só publicam material estrangeiro porque este já vem a um custo absurdamente barato de licenciar e produzir... e histórias que não importam o quanto o autor rale, continuarão sendo mais espertas do que a obra dele..

Repetindo só para reforçar o conceito... gente esperta dá ASCO em gente honesta que só quer tocar a vida da maneira mais correta possível sem incomodar a ninguém... e o-d-e-i-a fazer papel de otário! E odeia mais ainda o quanto a mídia e a nossa cultura popular idolatra o esperto e vilipendia o justo e o bom como coisa de igreja, como coisa de fora deste mundo, como coisa que não é da natureza do brasileiro... eu amaldiçoo a lei do Gerson e amaldiçoo o impacto que a frustração de não pertencer ao mundo dos espertos causa nas demais pessoas, as faz se sentir diminuídas, frustradas, e voltando-se para exemplos e fantasias estrangeiras, onde o homem que ganha poderes não vai para a solução realista de tirar partido, aproveitar-se da situação: ele vai para uma nada realista cruzada em prol do bem contra o mal... parece o tal do jesus prometido pela bíblia que voltará no apocalipse para consagrar os humilhados e os probos e corretos, e punir definitivamente os ímpios e os maus, o São Sebastião que voltará do mar onde naufragou para trazer o caminho da salvação para o povo português... ansiamos a vinda do messias, os comics e os heróis dos mangás anteciparam a chegada dele... mas não para o brasileiro, só para o gringo e para o estrangeiro...

E nós, os fãs, que adoramos ler histórias de super-herói, ATÉ MESMO NÓS já notamos que a maioria das tramas atuais só é interessante porque os personagens são OBRIGADOS a usar a massa cinzenta para vencer seus desafios, são obrigados a ser mais espertos que os vilões para poder triunfar sobre o desafio que aparenta...



Infelizmente, a simploriedade não ajuda em nada o autor nacional...

E o bendito do autor gringo, por que ele funciona?


O que incomoda aos críticos, e com razão, é a persistência em modelos ruins e num tipo de produção quadrinhística que não apenas ofende a inteligência do leitor, como também não consegue angariar nem simpatia nem identificação com os dramas vividos pelos personagens, aparentemente só o próprio autor consegue se importar com o que vai acontecer com o seu personagem querido... faltam realmente elementos de enredo e de sincronização com o mundo real e as pessoas de verdade, que fazem com que a fantasia super-heróica nacional(ista) fracasse em termos de comover as pessoas, ao passo que as "benditas" das novelas e aqueles pequenos quadros de situações do fantástico são bem sucedidos em chamar a atenção.

O que mata é que neguinho vem lá dos Estados Unidos, lá do Japão ou da Europa, fala sobre um monte de assuntos TOTALMENTE FORA DA REALIDADE DO BRASILEIRO, e acaba chamando bastante a atenção, sendo histórias atrativas, comoventes, o leitor acaba se encantando com aquele universo, aqueles personagens, e começa a torcer por ele.
E um ou outro mais talentoso, ou melhor dizendo, persistente, quer emular aquela história... perdão, aquele UNIVERSO FICCIONAL do jeito dele, reinventado, sob-medida, o FAN-FIC dele. Ele faz uma reconstrução daquele(s) mundo(s) fantástico(s) que tanto o inspirou e inspira, com as ferramentas do intelecto, e sincronizando melhor com seus gostos pessoais.

Isso não deveria ser um problema, porque em última análise isso acontece NO MUNDO TODO, MILHARES DE AUTORES DE QUADRINHOS COMEÇAM DESSE JEITO NO MUNDO TODO!!! Por que só no Brasil isso deveria ser um problema?

O fato é que A ABSOLUTA AUSÊNCIA DE EMPATIA ENTRE AS PRODUÇÃO DE QUADRINHOS NACIONAIS E O INTERESSE DO LEITOR É EPIDÊMICA, É QUE NEM SURTO DE DENGUE, se espalhou por tudo quanto é lugar, só que ao contrário da dengue, que existe conhecimento técnico sobre como combatê-la e como evitar sua propagação (só falta a vontade política em fazê-lo), NINGUÉM SABE AO CERTO COMO FAZER PARA TORNAR SUA HISTÓRIA ATRATIVA AO LEITOR... E AI DO PRIMEIRO FILHODAPUTA QUE SE METER A BESTA DE ENSINAR "VINDE A MIM, EU CONHEÇO O CAMINHO" sem ter o precioso respaldo do EXEMPLO BEM-SUCEDIDO A SER INVEJADO, COPIADO E SEGUIDO (né, “senhores sabe-tudo-que-abundam-pelos-blogs-e-fóruns-de-discussão-sobre-quadrinhos”?).



E quando você vai dar o exemplo a ser seguido, ô papudo do dono do blog?



Quando eu engrenar de vez a retomada da minha capacidade produtiva, ó todos aqueles esperançosos em que finalmente Aoki saia de seu maldito casulo imobilista e volte a fazer estrago na cena nacional... muitos me dão aval e apoio apenas por conhecerem às velharias postadas neste blog, poucos privilegiados tomaram conhecimento de meus planos presentes para meu herói com perspectivas sérias de futuro próspero, e com mais veemência ainda me deram suas bênçãos, suas palavras e intenções de apoio, e votos sinceros de boa sorte.

Só posso, e digo isso sem proselismo ou politicagem nem puxassaquismo, que não sossegarei o facho enquanto não tornar materializada (ainda que restrita à forma de imagens virtuais ocupando bytes em algum provedor de hospedagem internet) este primeiro episódio do robô biruta e latão que avoa pelo espaço sideral, digno de minha própria apreciação enquanto leitor, e igualmente digno de todo um esforço de elaboração mental para torná-lo o melhor quadrinho que posso fazer neste meu momento presente... dá até medo soltar uma declaração desse porte para algo que no fundo no fundo não passa de um hobby que virou uma terapia mental e agora se converteu para um caso de vida ou de morte... da expressão artística do Fernando Aoki indivíduo em seu mais puro grau, acima de perspectivas de publicação, de agradar a público leitor, de funcionar para o mercado, de prestação de contas à família... eu transcendi a tudo isso, e devo viabilizar esta minha criação pelo simples e singelo fato de que não apenas só eu posso fazê-la dessa maneira, como ainda por cima, tornou-se uma questão pessoal realizá-la.

Aos senhores que conhecem o plot que elaborei, só peço uma coisa... encham-me de cobrança... amplifiquem o desassossego que me perturba minhas horas de lazer a cada vez que pego num lápis e rabisco alguma coisa... a cada anotação em bloco de nota ou em arquivo de processador de texto que vier a se somar, a detalhar e a complementar esta história... a cada rascunho meu retomando estudos de anatomia daquele enorme e detalhado livro do senhor Burne Hogarth... a cada vez que eu copiar uma arte a lápis do senhor Alan Davis ou do senhor Pasqual Ferri... a cada contemplada que eu der nos meus próprios desenhos antigos naquele misto de saudosismo, temperado com aquele inevitável pensamento obsessivo "se já cheguei a fazer isso antes posso fazê-lo novamente"! É meu apelo e minha automaldição, serei maldito se morrer sem concretizar o que me propus a fazer, serei maldito se ter deixado aos senhores com tanta água na boca e morrer na praia sem entregar aquilo que prometi.

Minha própria idéia primária ganhou corpo, volume, consistência... tornou-se tudo o que eu sonhara em termos de alicerce para as aventuras de meu próprio super-herói, tão digno de ser lido quanto qualquer outro herói de inspiração anterior ou mesmo de histórias de aventura que acompanho agora. Mesmo que a execução da idéia fique aquém das expectativas, saberei que não terei sido preguiçoso nem cômodo, e que terei dado tudo de mim para viabilizá-la enquanto desenhista, enquanto escritor de diálogos, enquanto diagramador de sequências, enquanto diretor de arte, enquanto ditador supremo da equipe do eu sozinho!

Muito obrigado a todos que me apóiam e a todos que me apoiarão doravante!

Comentários

  1. Grande Fernando!
    Comece logo a HQ do latão,mano!Ele tem potencial!A única coisa que te digo é que faça uns estudos de design dele.Tá ultrapassado demais!Tô icando repetitivo,eu sei...rs
    Faça em equipe,pq sozinho,cansa muito,cara!E a troca de ideías vai fomentar a produão tb.
    Cara,eu vejo no teu roteiro e conceito uma coisa que não existe nas HQs de super-heróis brasileiros:os personagens são palpáveis,vivendo tramas e subtramas que fazem identificação ao leitor.Igual a novela de TV!
    Pq v acha que este seguimento faz tanto sucesso?
    Vc pode até usar clichês,como faz o Sergio Bonelli,usando heróis arquétipos dos EUA (Tex,Nathan Never,Júlia.),mas dentro de uma visão italiana de fazer e ler.VC bate o olho e sabe que foi da Sergio Bonelli Editore!
    Outro bom exemplo foi Alan Moore nos anos 80,que desconstruiu os super-heróis em Watchmen e Miracleman (neste,pegou um herói que era uma cópia do Capitão Marvel e criou um semideus,numa trama de manipulação mental e universo onírico paralelo,que depois desperta e ve que tudo foi apenas um jogo do vilão Emil Gargunza).
    O formato que fazemos nossos quadrinhos tb deveria ser repensando e não emular os gringos.Pessoalmente,eu curto muito a forma como Alan Moore (ele de novo) construia boas e convincentes HQs num espaço de 8 à 12 páginas(é só ver Capitão Bretanha e Miracleman).Pra que seguir o modelo de 22 páginas dos americanos?Muitas vezes,dá pra dar o recado em muito menos;eles enchem muita linguiça!
    Na parte de criação,é dar um maior valor ao escritor.Gente como Gian Danton,Giulia Moon,André Vianco,que escrevem não como e para fãs,mas,que tem uma visão bem pesoal de HQs,trariam uma certa renovação ao gênero "super-herói brasileiro",se pensar ele socialmente,visualmente e psicologicamente dentro de uma realidade brasileira e não apenas emular os heróis gringos.
    Neste ponto,acho que o modelo "anti-herói" como o Máscara Noturna,O Major,Penitente tem mais a ver coma nossa realidade.
    Nos anos 90,O Tony Fernandes,nosso amigo em comum,publicou Almanaque Phenix SuperAção,algo assim...Do que vi ali,gostei muito de Slane (que era um superherói anarquista e extremista,que ia contra o sistema e tinha apoio do povo e deixava os políticos de cabeça quente.Tb Os Destemidos,de Marco ramelo e Seabra,com um grupo que,embora visulamente lembrassem os "super-brothers" dos EUA,viviam realmente dentro de um contexto bem brasileiro,mostrando isso em atitudes o persoanlidades tb,sem deixar de lado a ação e estilo deste tipo de HQ.Tinha tb o Vingador Mascarado,que fora encomendado ao Seabra pra ser um Batman "gênerico",pois,era a época da Batmania e o Tony queria aproveitar isso.Tem umas tiradas maneiras(numa delas,o heroi prende a capa num poste e,sem outra saída,executa os bandidos à queima roupa!Bem brasileiro!O Seabra ta mudando uns lances nele,aguarde...
    A revista era formatinho e em p&B,100 páginas,mas,eu comprei.Pq tinha entretenimento,era divertida!Não curti muito os desenhos,mas sim,os roteiros.
    No dia que a turma acordar e ver que não adianta um visual duca,sem um bom roteiro pra uma HQ fazer sucesso,a[i,será a revolução,amigo!
    Em tempo:os tópicos abordados nesta postagem falam muito desta busca de uma HQ com brasilidadde e identidades próprias,mostrando o contexto real do que se pasa ao nosso redor.basta pegar,absorve-la e colocar em nosas HQs,mesmo sublimarmente.
    Abração!

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  2. Graaaande Aoki! Nossa, isso tudo que você falou não só é a mais pura verdade como me emocionou! Eu fico muito irritado com o jeito brasileiro de pensar e criar e o pessoal não acorda, é uma cultura acima de tudo teimosa! Ô teimosia, caramba!

    Hoje mesmo na minha aula de Sociologia (abreviando o nome real da matéria, hehe) estávamos discutindo várias questões que o BK vive falando (acho que ele ia adorar minha professora, haha), como o fato do "amigo", do quanto esperto quer se juntar com esperto pra se dar bem e ferra todo mundo.

    Bom, muita sorte pra você e pra todo mundo que está verdadeiramente trabalhando em boas histórias que possam mesmo agradar ao leitor nacional. Agradar o leitor estrangeiro deve ser fácil, ainda mais com a nossa mania de emular justamente o estrangeiro, quero ver é agradar o daqui! Hehe.

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  3. Carlos, obrigado pela força e pelos comentários... o plot que eu te passei pretendo fechar em no máximo vinte e oito páginas... não tenho saco para montar uma pusta trama de 64 páginas ou mais que nem eram as edições sérgio bonelli.

    De fato ficamos perdidos e sem referências sobre o que são linhas editoriais apropriadas para trabalhar a venda de nossos quadrinhos de ficção... daí soltarmos muita coisa sem o devido planejamento, e só queimarmos o nosso próprio filme.

    No momento estou preocupado em mover as engrenagens de apenas uma única história, de um único episódio que tanto te impressionou, Carlos (e felizmente, a mim também enquanto autor e até mesmo leitor de hqs de supers!).

    E certamente revisões no visual do Alma de Aço está no pacote: não pretendo eliminar as ombreiras, só acertá-las num design decente, acho interessante esse lance dele ter uma porcaria de uma ESTRUTURA DECORATIVA bloqueando a visão lateral dele... é como cavalo de corrida que só consegue olhar pra frente - nunca pensei que sairia simbologias disso!

    Gosto da lente do capacete em formato de oito deitado e aglutinado, lembrando bem de leve o formato de dois olhos naquele vidrão preto reflexivo achatado. Isso acentua mais ainda o efeito de "viseira" do personagem, acentua ainda mais a incapacidade de olhar para o que acontece ao redor, olhar para os lados.

    além disso este vidro plano dá uma força para criar expressões para o robô sem rosto, apenas girando a cabeça e acompanhando com o movimento do corpo. Só vou dar uma garibada mesmo no acerto de volumes do capacete, tá muito mal-resolvido, como o design das ombreiras triplas.

    Eu recebi INÚMERAS recomendações pedindo para eu atualizar o personagem para os novos tempos, mas o fato é que preciso mesmo DAR SOLUÇÕES VISUAIS DECENTES PARA ELE, MAS DENTRO DA ÉPOCA EM QUE EU O CRIEI, NOS ANOS 80.

    Por quê? Porque o robô é um sujeito fora de contexto, o rip van winkle que dormiu cem anos e acordou num mundo evoluído totalmente diferente do que ele conhecia... TODO MUNDO AO REDOR DELE TEM DESIGN CONTEMPORÂNEO, UP TO DATE, puro ficção científica de inspiração de 2008, 2009, 2010... a inspiração visual dele é a do design do filme 2010 o ano em que faremos contato... ou então moebius ou enki bilal.

    tem que ter contraste visual, mas não posso é preservar e defender gafe e design de elemento mal-feita!

    Yokuo, meu velho amigo e meu fã fiel, me passa um endereço de e-mail para te enviar esse plot da aventura-piloto do Alma de Aço da qual eu falo tão bem e tão entusiasmado, e que igualmente entusiasmou meu caro colega e grande incentivador Carlos Henry!

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  4. Claro! É: youngcloudff7@hotmail.com

    Mal posso esperar pra ler!

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  5. Mandei pela minha conta de e-mail do Yahoo, o_slang@yahoo.com.br

    boa leitura e bom fim de semana!

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  6. Muito bom esse texto. Fez-me refletir sobre alguns aspectos da cultura brasileira e sua relação não só com quadrinhos, mas com literatura e cinema.

    Num mundo em que ser esperto é virtude, somente alguém com superpoderes poderia ser bonzinho sem temer retaliações dos que usam o jeitinho. Mas alguém com superpoderes está sujeito à sedução de se aproveitar do que tem para ter ainda mais.

    Os brasileiros normalmente não gostam da própria história, da própria realidade social, da própria cultura. É o Complexo de Vira-lata. Literatura, cinema, quadrinhos, tudo o que faz sucesso aqui vem de fora, não só porque o brasileiro não valoriza o que é feito no Brasil (quando valoriza, geralmente é porque souberam copiar bem os modelos estrangeiros), mas porque os temas que lhes interessam, os cenários, os personagens, os mitos, têm que ser estrangeiros. Talvez seja sintoma de um país colonizado. Uma pessoa no Brasil que se interesse por Mitologia certamente vai estudar os mitos greco-romanos, escandinavos e japoneses, mas dificilmente vai procurar os mitos brasileiros (e os há muitos).

    Porém, alguns brasileiros conseguem descobrir uma fórmula que se encaixe bem ao público local. Isso acontece mais na Literatura e, mais recentemente, no Cinema, talvez porque existam há mais tempo do que os quadrinhos. Estes ainda não conseguiram chegar a esse ponto. Entretanto, às vezes uma obra brasileira só faz sucesso depois que recebe o aval de um crítico estrangeiro...

    Acho que dava para fazer uma tese sobre esse tema.

    A propósito, obrigado pela visita. Consegui encontrar o texto sobre Star Wars e Star Trek, logo, logo eu o republico.

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  7. Eu é que agradeço a sua visita Tiago.

    Sobre sua opinião, acredito mais que o foco esteja errado: não é a temática de assuntos nacionais que é desinteressante ao leitor brasileiro, mas sim o fato dos estrangeiros, no campo de atuação da ficção de entretenimento é que conseguiram conciliar não apenas ideais nacionais de seus países de origem, como também estenderam a uma capacidade de reinvenção da realidade de uma maneira a criar forte empatia com o público o mais amplo e heterogêneo possível, e porque não dizer, abordando temas universais no tocante à nossa existência enquanto seres humanos, aos nossos dramas pessoais e particulares, tudo isso reinventado de uma forma dramatizada, por vezes fantástica, mas nunca tediosa... (experimentalismos linguísticos Jamesjoyceanos, departamento ao lado, faz favor).

    Ocorre uma confusão entre temática e essência da discussão... e nós temos de fato a tendência a achar que este ou aquele outro tema TEM QUE SER estrangeiro, e o “produto nacional” soa desajeitado e ridículo ao abordar tal assunto. Mas é triste e real o fato de que temas como viagens espaciais, aventuras de super-heróis, e histórias sobre mundos de fantasia fantásticos, quando escritos por brasileiros, acabam parecendo mais FAN-FIC, emulações e pastiches, do que recriações à nossa moda. Confesso que já tentei ler alguma coisa dos escritores de ficção-científica em literatura (contos e romances), e tudo o que consegui foi atestar que foram até mais competentes que os quadrinhistas em realizar histórias aceitáveis e até agradáveis, mas não passou disso!

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  8. ...E confesso que tenho cá minhas dúvidas sobre, ao dar início ao meu pequeno universo ficcional emulando-Star-Trek-com-sérias-restrições-orçamentárias só pra servir de ambiente para as aventuras do meu robô-latão (também conhecido pelo apelido de Alma de Aço), o quanto eu vá permanecer dentro das estatísticas de criadores de obras pastiche, e o quanto eu conseguirei seguir adiante com uma proposta generrodenberriana de poder sentar o sarrafo em deus e o mundo sem medo de censura nem represália, escudado por uma metáfora de mundos alienígenas representando disfarçadamente aspectos pitorescos e risíveis do homo-brasilienses.

    Tem muita gente que faz isso, teve muita gente que fez isso... só não me lembro direito se teve gente tentando fazer isso como pano de fundo para as aventuras de um herói em missão de justiça, como Will Eisner fez com o Spirit. A maioria do que vi era gente fazendo história cômica e satírica.

    Todos os grandes ficcionistas ligados ao entretenimento tinham essa capacidade de criticar o mundo real através do mundo da fantasia. Robert E. Howard criticava a opressão do espírito livre do homem pela civilização, na figura de cidades decadentes por onde um bárbaro impunha-se através da força e da sua espada. Gene Roddenberry criticava a ausência de sentido da Guerra Fria e dos preconceitos nos episódios de Jornada nas Estrelas. As contínuas renovações nos Universos Super-heróisticos (DC, Marvel, Image/Wildstorm, Dark Horse), ainda que com muitas influências de grandes escritores, foram formas de acompanhar o Zeitgeist de cada época: ora enaltecendo o patriotismo da Segunda Guerra Mundial (Capitão América, Mulher Maravilha), ora indo para o escapismo puro e fantasioso e descolado da realidade nos anos da perseguição macartista (Duende Morcego e Mxyzptlk), ora refletindo a contracultura e os movimentos sociais (Arqueiro e Lanterna Verde, Neal Adams), ora refletindo a tolerância zero e o apelo às armas dos oitenta (Batman - o Cavaleiro das Trevas, Spawn)... e finalmente, discutindo questões sobre poderes e responsabilidades sobre estes (Guerra Civil - Marvel).

    Discorro talvez em excesso acerca de todas essas metáforas e essas simbologias... em contrapartida, talvez por não reprimir a fala, acredito estar introjetando todas essas considerações até mesmo de forma inconsciente, o que, em tese, me permitirá que eu estenda não apenas essa capacidade metafórica acerca de problemas e interesses genéricos anglo-saxões-judaico-cristão como também os específicos de japa-brasileiro... se eu não parar num hospício antes, certamente sairá algo único, que só uma porra dum brasileiro seria capaz de escrever, e torço eu, agradável de ser lido pela mais ampla audiência possível.

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  9. Rapaz, torço para que possa mandar mãos à obra, e finalmente nos agraciar com um bem finalizado Latão. Curti o texto, apesar de poderia ser um pouco mais curto. Concordo que é contagiante esses simplórios subtemas nas mentes incautas de pretensos autores semi-analfabetos. Fica aí a responsa de quem tem um algo a mais, para poder incentivar essa galera a tirar o pé da merda. Estimular um avanço na qualidade do material alheio, e mostrar que existem trocentos caminhos. Besteira todo mundo se atochar em vielas tão estreitas e mal iluminadas.
    Abs

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  10. Recomendo conferir um mangá de ficção científica chamado Pluto, baseado (releitura) no Tetsuwan Atom, prova de ser completamente válido usar um visual robótico datado se ele estiver bem empregado dentro do contexto da história.

    Gosto dos desenhos, mas algo que me incomoda (opinião pessoal) são os efeitos metálicos em hachuras excessivas que você usa, parecem datados demais. Acredito que esse aspecto do traço em especial merecia uma inovada.

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  11. RevistaCapitu, meu caro correligionário, obrigado pelo seu voto de confiança.

    Quanto a meus excessos verborráricos de escrita, será bastante apropriado eu aprender a controlá-los, e a jogar o máximo de informação visual possível nos quadros durante as histórias. Algo que já fiz no passado, como podem constatar na história satírica Ira de Lyana, e mesmo nos rascunhos de Lost In Time.

    Sobre a simploriedade presente nas escritas dos autores, eu enxergo a coisa do seguinte modo... ou você CONTROLA o recado que você pretende transmitir, ou acaba soltando coisas que você NUNCA JAMAIS EM TEMPO ALGUM TEVE INTENÇÃO EXPLÍCITA DE CONTAR, MAS ACABOU ESCAPANDO POR CONTA DE SEU QUERIDO SUBCONSCIENTE.

    Se fizermos análises nos textos de Jou Ventania, Velta, e mais alguns com quem andei tropeçando, sai bastante pano pra manga... infelizmente a maioria deles fazendo humor involuntário, falhando no quesito aventura, envolvimento do leitor, e principalmente, escapismo lúdico! O escapismo, nessas obras, quando ocorre, é o sarcástico, é o do crítico descendo o pau na pobre da história cujo primeiro aspecto a ser notado é sua precariedade de idéias, sua incapacidade de fazer o leitor sonhar junto com o autor!

    Quero antes a sutileza de mandar um recado de forma subliminar, não fazendo aquela pregação ideológica dos quadrinhos do Flávio Calazans (que nestas alturas do campeonato já deve ter transcendido isso), mas sim fazendo aquela alegoria sutil às mazelas ideológicas humanas numa aventura aparentemente alienada e descompromissada, como um episódio de Jornada nas Estrelas ou um gibi do Conan baseado diretamente num texto do Robert E. Howard.

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  12. VR, sobre os efeitos datados de estilização metálica do robô, têm bastante procedência. Afinal, NÃO CONSEGUI FAZER NENHUM FILHODUMAPUTA dum desenho artefinalizado atual, só tem velharia aqui no blog. E os desenhos que estou praticando, ainda não postei nenhum porque tá tudo na base do estudo, sem condições de receber tinta...

    Quero ver o que que eu vou bolar arte-finalizando agora... tendo em vista a revalidação do desenho estilizado, acho que vou acabar tendendo a fazer algo mais desenhado mesmo, mais irreal e mais DESENHÃO mesmo, marca gráfica! Me aguardem!

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Elogio ou crítica? nunca censuro nada, mas... não ABUSE! hehehe

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